"Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em acções, em ações que tragam resultados." Florence Nightingale

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Sorriso

Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.

O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.

Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre.

E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.

O Sorriso (este, com maiúscula) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu?

E contudo era um sorriso.

Mas eu falava de gente, de nós, que fazemos a aprendizagem do sorriso e dos sorrisos ao longo da vida própria e das alheias.

A tudo isto é que eu chamo sabedoria.
Dir-me-ão que não cabe tanto no sorriso. Eu digo que cabe. Soube-o a noite passada, quando foi ele a única resposta para a insónia e para os monstros do pesadelo nascido no sono onde o corpo acabou por deslizar, cansado e aflito.

Sorrir assim, mesmo sem olhos que nos recebam, é o verbo mais transitivo de todas as gramáticas. Pessoal e rigorosamente transmissível.

O ponto está em haver quem o conjugue.

José Saramago (1922 - 2010)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sum 41 - Pieces

I tried to be perfect
But nothing was worth it
I don't believe it makes me real
I thought it'd be easy
But no one believes me
I meant all the things I said

If you believe it's in my soul
I'd say all the words that I know
Just to see if it would show
That I'm trying to let you know
That I'm better off on my own

This place is so empty
My thoughts are so tempting
I don't know how it got so bad
Sometimes it's so crazy
That nothing can save me
But it's the only thing that I have

If you believe it's in my soul
I'd say all the words that I know
Just to see if it would show
That I'm trying to let you know
That I'm better off on my own

On my own

I tried to be perfect
It just wasn't worth it
Nothing could ever be so wrong
It's hard to believe me
It never gets easy
I guess I knew that all along

If you believe it's in my soul
I'd say all the words that I know
Just to see if it would show
That I'm trying to let you know
That I'm better off on my own

(Uma das minhas músicas favoritas *.*)